domingo, 30 de dezembro de 2012

Os melhores barulhos de 2012 - discos

10 MARIA RITA | Redescobrir [Universal]

9 THE 2 BEARS | Be Strong [Southern Fried]
 
8 MARIA BETHÂNIA | Oásis de Bethânia [Biscoito fino]

7 FRANK OCEAN | Channel Orange [Usm/ccm]

6 DJAVAN | Rua dos Amores [Emarcy]

5 CAETANO VELOSO | Abraçaço [Universal]

4 KINDNESS | World, You Need a Change of Mind [Cooperative]

3 THE TALLEST MAN ON EARTH | There's No Leaving Now [Dead Oceans]
 
2 DIABO NA CRUZ | Roque Popular [Murmurio]


1 B FACHADA | Criôlo [Mbari]

Neste ano de 2012, e ao contrario dos anteriores, não acompanhei de forma intensa tudo o que se fazia de relevante na cena musical, mas muita coisa de valor chegou aos meus ouvidos. Começando por aquele senhor de que toda a gente fala neste ano – Frank Ocean – ele é de facto o dono da voz de 2012. Channel Orange é daqueles álbuns que não se fazem todos os anos, e não ficar arrepiado a ouvir "Thinking About You" é de se preocupar e procurar um médico. Na cena folk temos The Tallest Man On Earth, que em 2010 lançou um álbum bem aclamado mas que não me tinha conquistado, o There's No Leaving Now por outro lado acerta em todos os refrões. A voz de "bagaço" incrivelmente parecida com a de Bob Dylan continua a brilhar, e em "1904" e "There's No Leaving Now" constrói canções que refrescam almas. Ainda em inglês temos 2 bons álbuns de eletrónica, pelas mãos de The 2 Bears e Kindness. Os 2 ursos numa toada mais mexida, ideais para uma passagem de ano que agora se avizinha, apresentam um conjunto de canções capazes de fazer levantar da cadeira os maiores pesos pesados. Kindness, já mais influenciado pelo "disco" e também funk, elabora o 'álbum boa onda' do ano, e o refrão mais pegajoso em "House". É favor cantá-lo.
Mudando agora para a verdadeira língua – a portuguesa – temos 4 grupos com sotaque brasileiro (Brasil, volta logo). Maria Rita edita um álbum gravado de uma serie especial de concertos onde interpretou canções da sua mãe – Elis Regina – e o acontecimento é mesmo podermos ver que os genes estão lá: a voz é igual, sem tirar nem pôr. Depois um trio de veteranos, Djavan e os manos Caetano e Bethânia. Apesar de carreiras já longas, são álbuns que entram para o lote dos relevantes. Uma das canções do ano é "Vive" ('a canção' é "Mana" do B Fachada), que aparece tanto no álbum de Djavan como de Bethânia, e que, apesar de ser da autoria de Djavan, fez bem em partilhar a música com Bethânia pois é sem duvida na voz dela que a música ganha toda a sua dimensão.
Para o pódio escolhi 2 portugueses, que foram sem duvida os conquistadores do ano. Não duvidava da qualidade dos Diabo na Cruz, já no primeiro álbum demonstraram logo que não estavam para brincadeiras, mas este segundo álbum é ainda assim surpreendente. Em Roque Popular, título do álbum que assenta como uma luva, trazem o rancho e o "malhão" à cidade para dar uma volta, e brindam-nos com canções-hino como "Bomba Canção" e "Pioneiros" para mais tarde recordar. Por fim, e após mais um ano em grande, o Tio B. Criôlo vem no momento certo em que muitos portugueses emigram para Angola, um incentivo para que a coisa corra bem. Esta frenética discoteca africana vicia à primeira audição, e se o kuduro não era género que se endeusasse, "Tendinite" faz esse favor. Ainda a culminar o ano, B Fachada lança mais um álbum, intitulado Fim, o ultimo antes de um pequeno intervalo na carreira, que se deseja não ser longo, pois já não se consegue viver sem canções do B.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Os melhores barulhos de 2011 - discos

20 Russian Red | Fuerteventura [Sony]
19 Panda Bear | Tomboy [Paw Tracks]
18 The Allstar Project | Into the Ivory Tower [Rastilho]
17 B Fachada | B Fachada II [MBARI]
16 Adele | 21 [XL]
15 Coldplay | Mylo Xyloto [Parlophone]
14 The Drums | Portamento [Universal]
13 Os Golpes | G [Amor Fúria]
12 Arctic Monkeys | Suck It and See [Domino]
11 Cut Copy | Zonoscope [Modular]

10 FOO FIGHTERS | Wasting Light [Columbia]
09 IRON & WINE | Kiss Each Other Clean [4AD]
08 FEIST | Metals [Polydor]
07 ADRIANA CALCANHOTTO | Micróbio do Samba [Sony]
06 JAMES BLAKE | James Blake [A&M]
05 BON IVER | Bon Iver [4AD]
04 B FACHADA | Deus, Pátria e Família [MBARI]
03 BATTLESGloss Drop [Warp]
02 RADIOHEAD | The King of Limbs [XL]
01 OS VELHOS | Velhos [Amor Fúria]

O ano de 2011, a nível internacional, foi de alguma boa qualidade, sem no entanto nos ter oferecido um álbum arrebatador. Radiohead deram continuidade a uma carreira que estabelece já um cânone referência a qualquer banda que ambicione altos voos. Em King of Limbs fazem um álbum intenso e desprovido de "singles", onde a música electrónica por eles observada em nomes como Burial ou Four Tet é aqui feita ao seu jeito e com o seu quê de inovador. É impressionante como se encontram em constante mutação de álbum para álbum e a qualidade se mantém sempre a um nível elevado.
Quando já estava anunciado o óbito do género rock, Foo Fighters brindam-nos com um disco que ninguém estava à espera e muito menos vindo de uma banda que já se encontrava em pré-reforma. Sendo assim, Wasting Lights assinala talvez o seu pico de carreira, um álbum rock com refrões memoráveis e onde as canções funcionam como um todo – e não como OVNIs no meio de um disco.
Bons discos no género folk, tais como os de Iron & Wine, Feist e Bon Iver, e depois um miúdo que dá pelo nome de James Blake. Como que vindo de planeta desconhecido Blake enfia um murro no estômago logo quando aparece a fazer uma versão de "Limit To Your Love" da Feist. A voz sofrida e no limbo da afinação entrou que nem uma bala no coração de muitos ouvintes. Ouvir "Where To Turn" de James Litherland – pai de James Blake – e depois a versão que fez em "Wilhelm Scream", repara-se numa sensibilidade musical extrema e a maneira como posteriormente auto-destrói toda a melodia é de trepar paredes. Aquelas pausas sufocantes ao longo das canções marcam um disco único, que apenas peca por um excesso de inconstância no álbum, ao longo do qual se perdem grande parte dos elos de ligação entre as músicas.
No espectro nacional, 2011 encerra um ano de elevada qualidade. B Fachada foi figura de proa, já um habitué nestas andanças dos topes, com o seu manifesto "Deus, Pátria e Família" afirma que não se reconhece numa "terra de amadores" onde com "algum paleio" se chega a um bom lugar na vida. É também um prototipo de hino de despedida a um país que perdeu a sua independência económica para outros. Por sua vez o seu segundo álbum homónimo não tem a qualidade desejável; talvez pelo pouco tempo que tem para preparar os álbuns – motivado pela ânsia dos 2 discos por ano – ainda assim apresenta dois bons pares de canções que perdurarão na história.
Depois com o carimbo da Amor Fúria apareceram mais bandas de muito valor: Os Capitães de Areia, ainda que aqui não incluídos, perspectiva-se algo de bom daqui para a frente; Os Golpes, que infelizmente na actualidade se encontram inactivos pois estavam a praticar a melhor pop portuguesa; mas a verdadeira surpresa foram mesmo Os Velhos. Ninguém se lembraria de ouvir um indivíduo a pregar a sua voz nas melodias nos sítios mais estranhos e no final resultar. É um estilo de músicas que se abraça com agrado logo à primeira audição e que ao longo do tempo sofrem uma maturação criando uma relação forte com o ouvinte. Instrumentais com energia e letras com melancolia, num álbum que no final culmina com "Maria diz", um desvario épico de dez minutos. Nada igual apareceu em Portugal nestes últimos anos, e, nesse sentido, Os Velhos encarnam a nova vaga de músicos portugueses com estaleca para vencer.

Os melhores barulhos de 2011 - músicas

30 Cuca Roseta – Porque Voltas de Que Lei
29 Dead Combo – Esse Olhar Que Era Só Teu
28 Coldplay – Don't Let It Break Your Heart
27 Lana Del Rey – Video Games
26 Russian Red – Memory Is Cruel
25 The Allstar Project – Neighbour Of the Beast
24 Black Keys – Lonely Boy
23 Washed Out – Amor Fati
22 Feist – The Circle Married the Line
21 Adele – Don't You Remember
20 Foo Fighters – Walk
19 Afonso Pais & JP Simões – A Marcha dos Implacáveis
18 The Rapture – How Deep Is Your Love
17 Dum Dum Girls – Bedroom Eyes
16 Capitães da Areia – Dezassete Anos
15 Real Estate –It's Real
14 Metronomy – The Look
13 Adriana Calcanhotto – Pode Se Remoer
12 Arctic Monkeys – Piledriver Waltz
11 Cut Copy – Pharaohs & Pyramids
10 Bon Iver – Perth
09 Os Golpes – O Amor Separar-nos-á
08 Gil Scott-Heron & Jamie XX – NY Is Killing Me
07 B Fachada – Está Na Hora da Passa
06 M83 – Midnight City
05 Iron & Wine – Walking Far From Home
04 Battles – Ice Cream (feat. Matias Aguayo)

03 Os Velhos – À Minha Alma


02 St. Vincent – Cruel


01 James Blake – The Wilhelm Scream

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Os melhores barulhos de 2011 - concertos

05 Jon Hopkins @ Festival Semibreve, 11/11/2011

04 Battles @ Festival Paredes de Coura, 19/08/2011

03 Joanna Newsom @ Casa da Música, 24/01/2011

02 Foge Foge Bandido @ Casa das Artes de V N de Famalicão, 02/07/2011

01 The National @ Coliseu do Porto, 23/05/2011

Haverá mais alguma banda na actualidade que transporte tanta emoção num cantar? Certamente que não; ou se sim andamos todos a dormir. Desde este concerto que estes senhores continuam numa boa senda de concertos, e mais novidades foram divulgadas, que indicam coisa boa para o ano de 2012. A caminho de ser enormes.

Notas:
A foto 5 está creditada a Adriano Ferreira Borges;
A foto 3 está creditada a Paulo Pimenta.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A todos os interessados

Nasceu um novo blogue da minha autoria neste espaço, pelo que são todos bem-vindos a aparecer por lá, e tomar um copo.

sábado, 2 de abril de 2011

A melhor banda portuguesa da actualidade.

Os Golpes são um novo fenómeno da musica portuguesa. Não há volta a dar. O tema "Vá Lá Senhora" que foi primeiramente mostrado em Julho do ano passado ainda continua muito vivo nos ouvidos dos portugueses, e teve semanas a fio no top das musicas preferidas dos ouvintes da antena 3. É uma óptima canção, pois mesmo tendo sido excessivamente abusada na radio ainda continua com o mesmo esplendor. Rui Pregal da Cunha, líder dos Heróis da Mar, deu a sua bênção nesta música. É impressionante o número de visitas a este antigo post escrito aqui no blog, e há bastante tempo no top das visualizações. Meus amigos, Os Golpes vieram para ficar, vão certamente figurar nos "tops" por muito bom tempo.
O Ep G, que eles distribuíram especialmente em dois concertos no Porto e em Lisboa este ano, apenas era para ter ficado por aí, não fosse o tremendo sucesso de "Vá Lá Senhora": assim o G, que estava previsto ser apenas distribuído gratuitamente nesses concerto, teve honras de edição para venda, e chegou esta semana às lojas. E em bom tempo o fizeram, porque este novo Ep vem confirmar que o talento evidenciado no primeiro álbum tinha pernas para andar; as letras - o patinho feio do Cruz Vermelha Sobre Fundo Branco (2009) - foram melhoradas a 200%. Onde estão as fragilidades? Nem vê-las. Ao fim de algumas audições o single conhecido vai dando espaço às outras canções, e não mais saímos delas: "Campo de Santa Clara", uma sinfonia de guitarras ao despique de inicio a fim (ponha-se a negrito este "fim");  "O Amor Separar-nos-á" é a canção para gritar o mundo e a vida com versos inspiradores como "O rio Tejo é azul/o teu nome escrito é azul/o teu lábio no meu é azul". Também temos versões como Paixão, e que bem que os Heróis do Mar soam em 2011, e "Tenho Barcos Tenho remos", uma cantiga popular aqui muito bem tratada pelos Golpes.
No final ainda temos os instrumentais, mais dois, agora em "Agência Lusa" e "A Brasileira": que bem que eles penteiam aquelas guitarras (Pedro da Rosa está a tornar-se um guitarrista de classe sofisticada), acabando "A Brasileira" em sussurros no verso "As palavras são o meu chão". Tudo correu bem. Portugal estava a precisar deste som. Olá novos Golpes. Olá melhor banda portuguesa da actualidade.

Fotografia: Vanda Noronha

domingo, 27 de março de 2011

Coisas que me andam a abrilhantar os ouvidos ultimamente

ADELE. Nunca fui muito à bola com a Adele; tinha momentos em que aquela "Chasing Pevements" de 2008 me irritava um bocadinho, motivo pelo qual nunca me interessei pela cantora. Mas em 2011, e especialmente impulsionado pela sua actuação nos Brit Awards, fui num sentido diferente: a rapariga tem mesmo uma voz impressionante! O novo álbum 21 (2011), a suceder ao 19 (2008), tem das letras mais deprimentes dos últimos tempos, mas de uma emoção tão natural que a fez verter umas lágrimas na actuação referida acima. Desafio ao leitor: tentar respirar numa sequência "Don't You Remember" – "Lovesong" (belíssima versão dos The Cure) – "Someone Like You".

CUT COPY. Sobre os Cut Copy não há muito a dizer: são dos poucos que conseguiram pegar na temática dos '80 e atribuir-lhe alguma vida nova, não se limitando a mexer no cadáver. Neste novo álbum, Zonoscope, elevaram a fasquia e fizeram um álbum mais ambicioso, não tão agradável às massas, incluindo por exemplo uma faixa com mais de 15 minutos a fechar o álbum. Mesmo que a tarefa tivesse corrido mal, só pela faixa "Pharaos & Pyramids" já teria valido a pena ouvi-los.

DUM DUM GIRLS. Actualmente o rock já não é só para homens: Dum Dum Girls fazem envergonhar muito macho que por aí se passeia. Numa altura em que o rock atravessa uma grave crise (não é só a economia), estas meninas fazem um Ep (He Gets Me High, 2011) com garra e chama. Estas ora são guerreiras e enérgicas ("He Gets Me High") ora baladeiras e fofinhas ("Take Care of My Baby"). A fechar temos uma versão dos Smiths - "There is a Light That Never Goes Out" - e eles nunca soaram tão bem numa voz feminina.


JULIANNA BARWICK. Enya do indie rock? Uma mistura de Enya e Animal Collective? Estas são algumas das comparações que se lhe sido feitas, e que a tem feito obter algum culto nestas ultimas semanas. A originalidade da mesma assenta no facto de utilizar apenas a voz como instrumento, e, não cantada, mas sim utilizando apenas harmonias vocais. O efeito é um puro deleite de relaxamento, com camadas de harmonias a fazerem lembrar os cânticos de igreja. Se em 2009 com o seu primeiro Ep pouca gente deu por ela, agora em 2011 com o longa-duração The Magic Place já ninguém vai ficar indiferente. Ainda é possível ser-se original em 2011.
 
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