terça-feira, 3 de novembro de 2009

Kings of Convenience @ Theatro Circo, 02/11/2009

Há concertos que até podem ter alguma coisa a ganhar com uma banda de abertura, seja pelo levantar dos ânimos, o último espreguiçar do publico, a entrada daquela pessoa que chegou atrasada. A isto normalmente junta-se qualidade e brio, a possível afirmação de um enorme talento que até à data estava pouco divulgado.
O mesmo não se passou ontem com a jovem chilena Javiera Mena, um cruzamento de Ivete Sangalo com Marjorie Estiano. Uma vozinha mais um piano pouco convincente, que em nada dignificou os Kings of Convence, como a própria os referiu.



Especial, sim, era o que se esperava dos que se sucediam, Kings of Convenience. E foram, por variadíssimas razões.
Uma delas foi a empatia que criaram com o publico, desde o primeiro momento do concerto. Erlend foi o grande responsável, com a sua entrada matadora sobre um carrinha de rodas, que motivou uma risota geral. O publico estava quase na mão.
Deram inicio à terapia com "My Ship Isn't Pretty", onde a subtileza das guitarras começa a apaixonar o publico presente.
A bossa nova é um estilo muito apreciado por este duo, bastante influenciados por compositores brasileiros como Tom Jobim ou João Gilberto. "Me in You" demonstra essas influências, e acrescenta um refrão mais melancólico com "I see you building the castle with one hand/ while tearing down another with the other".
Mas nem só de músicas novas se fez este concerto, e foi mesmo com "I Don't Know What I Can Save You From" que a primeira grande ovação se fez sentir. Muito bela, daquelas músicas na qual não se nota nada que já têm alguma rotação, permanecendo com a mesma energia desde o primeiro dia em que foi tocada.
O concerto teve alguns momentos de descontracção entre as músicas, num dos quais eles se queixaram da interferência dos telemóveis do publico no som, e onde Eirik confidenciou que ainda não aderiu à tecnologia dos telemóveis. Um entusiasta dos velhos meios de comunicação.
Por caminhos outrora traçados por Simon & Garfunkel, a comparação recorrente, Erlend e Eirik revisitam o mesmo caminho e acrescentam alguns atalhos que ainda não tinham sido experimentados.
"Know How" é a balada que tem a participação de Feist em Riot On An Empty Street, mas que ao vivo é transposta sem a participação especial, mas com a mesma vivacidade.
Já na recta final do concerto, e com o formato banda no qual um violinista e um contrabaixista se juntaram à festa, os KoC decidiram convidar o publico a chegar-se à frente da sala, apelo que obteve grande adesão do publico. O motivo era "Mrs Cold", o single que deu a conhecer este novo álbum - Declaration of Dependence - e que tem uma letra particularmente interessante.
O ponto alto da noite foi, estranhamente, uma musica do novo álbum - "Rule My World" - onde o finger picking contagiante de Eirik levou a que o publico entoa-se em coro "to rule my world". Foi nesta música que também aconteceu uma espécie de jam session do grande Erlend com piano new wave, algo que vem fazendo com a sua banda paralela Whitest Boy Alive.
Para o final houve espaço para a habitual versão de um clássico de Tom Jobim com "Corcovado" e a fechar, a festa pedida: "I'd Rather Dance With You".

Foi mais uma vez o confirmar do enorme talento deste duo, no qual o sentido de humor bem apurado e irreverência de Erlend combinam muito bem com a segurança e constância de Eirik, que em alguns momentos também da mostras da sua boa disposição e desata em belas sessões de riso com o seu companheiro. Até chateia o facto de eles combinarem tão bem.
Brilhante concerto numa magnifica sala, com um publico grandioso.

Setlist:

My Ship Isn't Pretty
24-25
Me In You
Love is No Big Truth
I Don't Know What I Can Save You From
Second to Numb
Power Of Not Knowing

Singing Softly To Me
Homesick
Know How
Stay Out Of Trouble
Freedom And Its Owner
Mrs. Cold
Peacetime Resistance
Rule My World
Misread
Boat Behind
-----
Corcovado
I'd Rather Dance With You


Nota: Não tenho totais certezas em relação a esta setlist, é feita de cabeça e possivelmente deve conter erros. A "Cayman Islands" penso que foi tocada mas não me lembro ao certo quando foi tocada. Muito provavelmente mais para o fim.

3 comentários:

João Ruivo disse...

Onde é que se assina?

João Ruivo disse...

(menos a parte de comparar a Javiera à Ivete Sangalo)

Renato_Seara disse...

Caro Anfilófio, a Cayman Island penso eu que não foi mesmo tocada. A Javiera é mais uma Yael Naim sem sal.

De resto assino também por baixo, se bem que o ponto alto da noite me pareça que tenha sido mesmo a interpretação da "Boat Behind".

 
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