domingo, 27 de março de 2011

Coisas que me andam a abrilhantar os ouvidos ultimamente

ADELE. Nunca fui muito à bola com a Adele; tinha momentos em que aquela "Chasing Pevements" de 2008 me irritava um bocadinho, motivo pelo qual nunca me interessei pela cantora. Mas em 2011, e especialmente impulsionado pela sua actuação nos Brit Awards, fui num sentido diferente: a rapariga tem mesmo uma voz impressionante! O novo álbum 21 (2011), a suceder ao 19 (2008), tem das letras mais deprimentes dos últimos tempos, mas de uma emoção tão natural que a fez verter umas lágrimas na actuação referida acima. Desafio ao leitor: tentar respirar numa sequência "Don't You Remember" – "Lovesong" (belíssima versão dos The Cure) – "Someone Like You".

CUT COPY. Sobre os Cut Copy não há muito a dizer: são dos poucos que conseguiram pegar na temática dos '80 e atribuir-lhe alguma vida nova, não se limitando a mexer no cadáver. Neste novo álbum, Zonoscope, elevaram a fasquia e fizeram um álbum mais ambicioso, não tão agradável às massas, incluindo por exemplo uma faixa com mais de 15 minutos a fechar o álbum. Mesmo que a tarefa tivesse corrido mal, só pela faixa "Pharaos & Pyramids" já teria valido a pena ouvi-los.

DUM DUM GIRLS. Actualmente o rock já não é só para homens: Dum Dum Girls fazem envergonhar muito macho que por aí se passeia. Numa altura em que o rock atravessa uma grave crise (não é só a economia), estas meninas fazem um Ep (He Gets Me High, 2011) com garra e chama. Estas ora são guerreiras e enérgicas ("He Gets Me High") ora baladeiras e fofinhas ("Take Care of My Baby"). A fechar temos uma versão dos Smiths - "There is a Light That Never Goes Out" - e eles nunca soaram tão bem numa voz feminina.


JULIANNA BARWICK. Enya do indie rock? Uma mistura de Enya e Animal Collective? Estas são algumas das comparações que se lhe sido feitas, e que a tem feito obter algum culto nestas ultimas semanas. A originalidade da mesma assenta no facto de utilizar apenas a voz como instrumento, e, não cantada, mas sim utilizando apenas harmonias vocais. O efeito é um puro deleite de relaxamento, com camadas de harmonias a fazerem lembrar os cânticos de igreja. Se em 2009 com o seu primeiro Ep pouca gente deu por ela, agora em 2011 com o longa-duração The Magic Place já ninguém vai ficar indiferente. Ainda é possível ser-se original em 2011.

domingo, 13 de março de 2011

Geração desenrascada

Estamos a atravessar uma fase difícil, com uma grave crise financeira que teima em não ser resolvida, e perspectiva-se que perdure por mais algum tempo. Consequentemente, o investimento privado diminui, pois hoje em dia as pessoas só se metem num negócio com um mínimo de garantias que possam ser bem sucedidas; como tal, as ofertas de emprego têm vindo a diminuir e as condições de empregabilidade são cada vez mais precárias, sujeitando-se os jovens a coisas impensáveis até há um bom par de anos.
Bastou portanto um pequeno toque na ferida pelos Deolinda, e o caldo entornou: os jovens estão fartos de ser escravos desta crise financeira criada pelos chico-espertos dos especuladores e de um capitalismo desregrado. Contudo essa mesma música poderá ser, como disse em tempos Jaime Pacheco - "uma faca de dois legumes". E isto porque, apesar da ironia constante na mesma, poderá levar à interpretação de que não vale a pena estudar: e isso será o maior erro de toda esta geração. Há que apostar num formação cada vez mais especializada e dedicada.
Esta poderá ser a geração desenrascada, que oferece o corpo ao manifesto, por exemplo, para 24h de árduo trabalho para fazer uma curta-metragem  e gastar dinheiro por isso. Foi o que aconteceu neste sábado no Theatro Circo, no festival Fast Forward, e o qual tive o prazer de participar, sob o tema "FAZER DE MORTO - as notícias da minha morte foram manifestamente exageradas.", na curta que se segue:



O festival irá voltar a Portugal ainda este ano, em Outubro, em Guimarães.

terça-feira, 8 de março de 2011

O ato da escrita está prestes a mudar

A música que se segue faz parte do álbum Rock in Rio Douro (1992) dos GNR, uma das suas obras-primas, e espelha um sentimento de revolta que ainda se faz sentir desde então. Desde 1990 que se batalha contra o acordo ortográfico, e o desastre acabou por acontecer: por força de interesses políticos e económicos, vamos abrasileirar a nossa escrita. 
Mas por acaso existe algum acordo que unifique o inglês dos EUA e o de Inglaterra? Ou mesmo o espanhol de Espanha e de alguns países da América Latina? Só em Portugal é que a cultura tem um preço.



Ação ator ato
Ponta-pé traves-tu barato

Bem-me-quer o Pedralvares cordato
Que era súbito direto de fato

Ótimo ou caricato
É um acordo ou é um buraco

Quem no quer esse muro concreto
É político mas analfa beto

A corda bamba da cultura
A ponte pênsil no ar
Acorda muda de figura
..."O Petróleo não é só Jr.!!!"...
("oil ain't all, Jr!!!")
(Anónima acunpuntura)


Acorda (Rui Reininho, Toli)
 
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